segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Anatomia de uma cena, ou Há dias assim


Muito mais que um exercício vulgar de aliteração - fuck, fuck, fuck - ou de um ataque xenofóbo e niilista, muito mais que um gancho de esquerda ao queixo do mal que existe no cérebro da humanidade, esta sequência do excelente filme de Spike Lee, 25th Hour, é uma declaração de amor a Nova Iorque e à vida. Love moves in misterious ways. Monty, a personagem principal, está a enumerar tudo aquilo que perdeu por consequência dos seus próprios actos - tudo o que lhe era valioso, tudo aquilo que, lá diz o lugar comum, só valorizamos quando já não temos. Mas Monty é um homem que, ao menos, depois de fazer merda (dude was in deep shit), põe a responsabilidade da sua vida nas próprias mãos "No, no, fuck you Montgomery Borgan, you had it all and you threw it away you dumb fuck". E isso é ter cojones. Uma vez na vida que a culpa não morra solteira. I love you too New Yok.

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