domingo, 9 de novembro de 2008

A ordem inatural das coisas


O noticiário da noite de domingo abre com um directo, de um estádio de futebol, antes do início da partida da Taça de Portugal, Porto v Sporting, para anunciar que há adeptos a entrar e polícias a trabalhar. Viam-se, de facto, adeptos a entrar, e outros a praticar essa forma de reality tv que é pôr-se atrás dos repórteres poetas dos lugares comuns. Viam-se, também, polícias como tinha sido prometido. Faltavam quarenta e cinco minutos para o jogo.

E eu penso se não é mais ou menos a mesma coisa que:
Um pai de família chega casa no dia que a filha ganhou uma bolsa por mérito cinetífico, o filho morreu afogado na piscina por terroristas islâmicos, e a mulher acabou o décimo quinto romance histórico e ficou sem um dedo na máquina de cortar fiambre.

O pai chega a casa e, com a família, ou o que sobra dela, na sala de estar, tira os sapatos, aconchega a barriga com a palma da mão por causa dos gases e, perante a expectativa da filha genial e da mulher prosadora sem dedo indicador, põe-se a ver o noticiário da noite que abre com um directo de um estádio de futebol.

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