segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Vox Populi
Os Contemporâneos têm muita graça. Mas além da qualidade dos textos e do talento dos actores, sabem aproveitar (neste caso Bruno Nogueira com um timing cómico tão eficaz como um x-acto a cortar cartão) a voz tragicómica do povo em entrevistas de rua. Por exemplo: um senhor balofo de estupidez, diz que se estivesse no lugar dos administradores dos bancos também ficava com algum. ("Então, não é um roubo, é um desvio"). O problema não é roubar, é ser apanhado, claro está. E no imaginário popular do balofo (por vezes com razão) os cães grandes safam-se sempre. O balofo já é ladrão, só precisa é de imunidade, um diploma em Economia da Católica e almoços no Eleven para para se iniciar no gamanço.
Mas ele, o balofo (estaria inchado por causa de gases, vapores de bagaço, shit for brains?), para mostrar que não é ignorante de todo, revela estar a par da nova tendência racial desta época de eleições Outono/Inverno, e faz uma piada. Diz ele, sobre a presidência da câmara de Lisboa: "Eu acho que devia ser um preto, já lá está um, devia de ser um ainda mais escuro). Obama (bi-racial mas com carapinha) - 1, António Costa (apenas escuro) - 0.
Mas preparem-se para um branco no município. Preparem-se para a vitória do homem que mantém activa a indústria de gel da Península Ibérica, e que é o antónimo da palavra política - se política é a ciência da resolução dos problemas, ele é a ciência da criação de problemas: senhoras e senhores, para alegria do balofo, apresento Pedro Santana Lopes, o próximo presidente da Câmara de Lisboa.
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