segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não há nenhum consolo nem satisfação em ter dito: I told you so.




(Crónica publicada Julho de 2010 no i)


Dear miss Winehouse,

Quando me contaram que tinhas sido internada outra vez, imaginei-te com um cachimbo de crack e um copo de gin, envolta numa nuvem cocainómana. Depois soube que tinha sido apenas um tropeção que resultou num corte acima do olho e num problema com as tuas novas mamas de cirurgia plástica. Não te escrevo como amigo (não nos conhecemos), nem como paizinho, aliás, dizes na canção “Rehab” que se o teu pai acha que estás bem não precisas de ser internada. Eu até concordo com o comediante Bill Hicks, que disse: “As drogas já nos deram muitas coisas boas. Se não acreditam, peguem nos vossos cds e queimem-nos, porque as pessoas que fizeram essas grandes músicas, que melhoraram as vossas vidas, estavam bastante drogadas.” Nem sequer estou preocupado que os miúdos se ponham a fumar cocaína por causa de ti – as pessoas não precisam de ídolos para se drogar, drogam-se porque querem. Mas fico aflito sempre que vejo que a droga raptou um ser humano e o substituiu por um farrapo de gente – acredita em mim, morreu-me um tio por causa da heroína. Não te peço que deixes para todo o sempre o copo de Tanqueray e alguma maluqueira tóxica. Mas ouve as palavras de outro comediante, George Carlin, cujo génio sobreviveu aos excessos: “As drogas podem ser maravilhosas, mas à medida que as consumimos, a parte do prazer diminui e aumenta a dor. Passa a ser apenas dor.” O que te quero dizer é: põe-te boa dessas costelas doridas e termina o disco que começaste a gravar. Depois, sim, podes festejar. Estraga-te um bocadinho mas, por favor, não te estragues para sempre.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poliglidiota


Escuta o que te digo
aunque te parezca
uma lenga lenga
of lame, rusty, and
cliché
excuses

Tento todas as palavras contigo
para que te cuelgues en mi cuello
like groupies do with rock stars

ninfeta and slut e dona de casa
fascinada e strastruck
pelo brilhantismo das minhas línguas

falo de sacanagem, versos sem roupa, humidade e umidade
pero nada te convence
nem gramática nem cunnillingus
nem todo o latim malandro das cidades mais sacanas

dizes-me que entre nós não há acordo
nem ortografia em sintonia

dizes:
fuck you very much
pendejo maricon
babaca e filho da puta

só então percebo que, como tantos casais,
temos problemas de comunicação

B.


Era tão bela como bélica
por vezes bruta com a boca
balançava
bonita
(mas breve)
na
besta que
eu fui

depois bazou

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Dar-vos música


Esta é a minha play list, na TSF. Música, maestro: aqui.

Coração de papel e tinta



Infelizmente, não por minha vontade, deixei de escrever diariamente no i. Esta é a última crónica. Pode ser lida aqui.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Para português ver


Quando os navios ingleses começaram abordar os barcos portugueses, a fim de fiscalizar o tráfico de escravos, conta-se que as frotas lusitanas mandavam uma embarcação na frente, com mercadorias legais, para ludibriar os bifes. Assim terá nascido a expressão: "Para inglês ver." Os tempos mudaram e o inglês passou de agente fiscalizador a fazer parte do nosso dia-a-dia: palavras em conversas - cool, fashion, kinky -, nomes de discotecas - Silk - restaurantes - Guilty - ou ginásios - Envy.

Para ler tudo, cliquem aqui.