quarta-feira, 8 de outubro de 2008
I ♥ USA (ou pelo menos alguns estados da união)
Bush e os seus rapazes da administração, bem como os fanáticos da Fox News, passaram os últimos oito anos a dizer que os Estados Unidos corriam o perigo de deixar de ser o que são por causa dos terroristas. Um estilo de vida em risco de extinção. 'They want to take away our freedom', disse o senhor presidente. Mas mais que os rebeldes no Iraque, o ódio entre sunitas e xiitas, os erros militares na invasão, a arrogância (a farsa) de ser o mensageiro da democracia; muito mais que a comédia das bolsas, o roubo levado a cabo pelas grandes companhias, as mentiras da administração (onde estão as armas de destruição massiça?), o aquecimento global, o fim do petróleo, Sarah Palin (para quê descrevê-la), ou a assustadora, desenvergonhada, ocultista e manipuladora forma de governar um país; muito mais que tudo isto, o que ameaça os Estados Unidos são os próprios americanos, e a suspeita de que essa terra prometida, chamada América, pode ter iniciado a sua curva descendente. Tony Soprano dizia, em 1999, no primeiro episódio da série da HBO : 'É bom participar nalguma coisa que se construa desde o chão, e sei que nasci demasiado tarde para isso, mas ultimamente, sinto que cheguei no fim, que o melhor já acabou'.
E os Estados Unidos arriscam-se a ser apenas isto, um homem gordo, com a cabeça a prémio, com problemas em casa, em crise de meia idade precoce, que acha que acabou o tempo da magia americana.
Mas os Estados Unidos, como sabemos, são muito mais que isso. Não vale a pena fazer uma lista de escritores, cientistas, aventureiros, lutadores, homens com sentido de serviço público, mártires de boas causa, obras primas e gente que contribuiu para que sejamos todos um pouco melhores - sou melhor quando oiço Haitian Fight Song, sou melhor quando percebo o que fez Muhammad Ali.
Nestas eleições, os americanos podem muito bem estar a decidir entre um país amarrado pelo medo, de pacóvios, com espingardas na parte de trás da carrinha pick up, e miúdas que são violadas por familiares e têm de pagar os abortos (como acontece no estado governado pela senhora Palin); ou se quer continuar a sua história de evolução, ou seja, um país que não sirva para ilustrar o aforismo de Don Delillo: 'It occured to me that eating is the only form of professionalism most people ever attain'.
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2 comentários:
pagar os abortos e os proprios rape kits se foram violadas... palavras para que? gun totting, moose shootin' sarah palin eh so mais um sintoma de um pais em que cada vez mais a mera capacidade de construir frases coerentes é um sintoma de elitismo.
I would like to be thanked by everyone for my military duty serving America. I had a gun that it was not mine; I had a goal that it was not mine; I had a fight that it wasn’t mine. No I’ve a choice and I’m going for it. Republicans, I’m all yours!
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