sábado, 4 de abril de 2009

Sexual Healing


Repara: se eu pousar a língua no teu umbigo, os pêlos quase transparentes da tua barriga elevam-se; sentes os músculos do pescoço estenderem-se como se te espreguiçasses; tens mais saliva na boca; agora queres mais - sei isso porque me puxas os cabelos da nuca, um só movimento, como um castigo, depois largas-me. Uso os lábios (ao mesmo tempo que a língua) e o teu umbigo entra-me na boca. Sentes a pressão húmida e estável. Depois os dentes marcam-te a pele. Dói-te um pouco e então os músculos estendem-se mais, as pernas desabam para os lados, preparam-se.

"Tira tudo", dizes, mas páras a tarefa de desapertar-me os botões da camisa para me morderes o queixo.

"Vira-te", digo, e alongas o corpo na cama, a barriga cola-se no lençól, exibes - sabes que se trata de exibicionismo - a curva que transforma as costas em rabo. Dizes, enquanto passas aí os dedos: "Em inglês esta parte chama-se Small of a woman's back." Em seguida (como se em vez de perguntar, estivesses a pedir): "Vais-me comer?"

Basta que respire sobre essa curva no teu corpo e afastas-te do lençol, as ancas elevam-se, começas a ficar um bicho.

Falas: "Diz tudo o que quiseres, tudo o que te passar pela cabeça. Mesmo tudo."

Meto-te um polegar na boca, puxo-te para mim, sei que precisas de estar aqui com o corpo todo. Vai começar tudo outra vez e acabamos sempre num sítio diferente.

Nunca falámos de livros muito menos dos nossos pais.

Não existimos além deste quarto.

E, no entanto, precisamos de ser bichos aqui (tão bichos) para podermos continuar a ser pessoas lá fora.

3 comentários:

roserouge disse...

Texto fabuloso. Muito bom, mesmo.

Unknown disse...

I second that..

Dizzi disse...

wow.... a minha imaginaçao correu libre graça a o teu texto. vivi o momento.