terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

No man is an island


Não vi sequer a cara dos interlocutores. Sei que a janela da Sic Notícias estava aberta no ecrã do computador, e que duas pessoas falavam. Não fui sequer a tempo de encontrar as expressões faciais a fim de encaixá-las nas palavras. O repórter perguntou:

"Valeu a pena ser sério?"

E antes da resposta um silêncio, uma pausa que acentuava a dificuldade de assumir o desgosto, a desilusão e a impotência.

"Não, não valeu a pena ser sério".

E depois a reportagem acabou. Não fui a tempo de ver a cara do homem cujas cordas vocais tinham desistido, mas percebi o doloroso baixar de braços de alguém que, fazendo o bem, acabou mal.

E então alguma coisa se encolheu dentro de mim, como se a derrota de um desconhecido fosse também a minha. Isso ou o medo de um dia ter de dizer: "Não, não valeu a pena ser sério."

2 comentários:

joaninha versus escaravelho disse...

Já percebi há algum tempo que não vale a pena ser sério.
Não vale a pena fazer jogo limpo.
Jogar com a carta da sinceridade então nem pensar. São trunfos que se dão ao adversário.
E jogam-nos sempre contra nós.
Mas eu continuo em jogo.
Com as minhas cartas e os minhas formas de jogar.
Perco por vezes. Demasiadas...
Mas ganho tranquilidade. Ganho uma consciência tranquila com que posso viver e dormir sem ter que me dopar para o fazer.

Gosto dos teus escritos. Revelas a tua sensibilidade e percebe-se que jogas um jogo limpo.
Não é fácil...
Mas acho que deves continuar assim: fiel a ti próprio.
Boa sorte!

IPQ disse...

Mas vale a pena ser sério, amigo.
Apesar de todos os pesares. Porque nada é mais importante que a nossa consciência. Deitar a cabeça na almofada e saberes que não pisaste ninguém, que chegaste lá (ou tvz não) mas por ti.
Não desistas
Um beijo grande
Inês