sexta-feira, 25 de setembro de 2009

E o burro sou eu?


É verdade que o Gato Fedorento pôs os políticos a responder num registo menos formal - o que não quer dizer (mesmo) um registo menos programado - e que pôs os portugueses a consumir mais política televisiva - o que não quer dizer (mesmo) que estejam mais politizados ou se tornem cidadãos mais preocupados com o estado da Pólis. Mas é bem melhor que uma parede a mandar pessoas vestidas de supositório prateado para a piscina.

Como uma mãe engenhosa diante do filho sem apetite, o Gato Fedorento envolveu as nabiças do jantar(que são os nosso políticos)numa camada de caramelo.


Mas por ter usado e abusado do Gato Fedorento com promoções e entrevistas de bastidores nos noticiários durante todo o dia, com a constante menção nas análises dos comentadores da casa, com perguntas destas a Jerónimo de Sousa, "Estava nervoso por ser entrevistado pelo Gato?", a Sic não percebeu que era tão susceptível de gozo como os políticos. O Gato escolheu focar-se na acção dos políticos, mas a comunicação social, Sic incluída, é parte da paródia.

E quando usa, nas suas peças de telejornal, imagens editadas e transmitidas pelo Gato, nas quais se confronta aquilo que os políticos dizem agora com aquilo que disseram no passado - técnica apurada no Daily Show de Jon Stewart -, está a reconhecer que foram precisos comediantes para fazer o trabalho dos jornalistas.

O mais estranho é que a Sic o faz com uma certa alegria e orgulho, não percebendo que também é o bobo da corte, parecendo o marido corno que convida para jantar quem lhe pôs o par de chifres na testa.

1 comentário:

Gustavo Gouveia disse...

Hugo,

Ouvi-te à meses perguntares ao José Diogo Quintela porque motivo não havia em Portugal um formato de humor político, ou de sátira poítica, à semelhança do praticado pelo Bill Hicks ou pelo meu querido Jon Stewart. O que é facto é que ele terá, provavelmente, tomado nota dessa inteligente questão e fez questão juntamente com os três amigos de reproduzir integralmente o Daily Show, só que com menos graça. A verdade é que o Gato Fedorento ganhou fama enquanto amadores a fazerem Non-Sense na Sic Radical e fora daí perderam-se e perderam as audiencias. O que vende é o nome deles. Mas como aconteceu na RTP1 e no Zé Carlos, daqui a pouco tempo o nome deles voltar-se-á a perder à medida que passa a season eleitoral e entre os telejornais da TVI e mais dois ou três programas que até têm mais piada do que os GF's. Como disse uma vez ao Mário Soares (mas ele não ouviu) 'É fodido viver para além dos quinze minutos de fama':)