sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Another brick in the wall


Não quero falar da Educação. Quero falar da minha educação: primeiro um colégio católico - amizades para a vida, muita disciplina (íamos para as aulas em fila), e alguns professores dementes com uma mão tão rápida nas nossas caras como a mão de Jesse James na pistola; depois uma universidade pública e patética que, apesar das médias altas de entrada, era um palácio podre, que cheirava a Estado Novo, com professores que debitavam, ipsis verbi, as próprias sebentas nas aulas, e que diziam que não davam mais que um 12 (Portugal: país que estimula os filhos reprimindo o seu potencial). Numa recente reunião dos cursos de 94/98 não houve um ex-colega que não dissesse que se tinha arrependido de perder ali quatro anos. Uma universidade tão conservadora e caquéquita que os alunos de jornalismo jamais viram uma câmara de filmar, um estúdio de televisão, um professor que tivesse feito uma reportagem.

Não quero falar de Educação porque não sei o que é estar hoje numa sala de liceu. Mas agradeço a todos os estudantes que atiram ovos e tomates, que assustam os secretários de Estado medricas, e que põem cadeados nos portões das escolas. Caros estudantes, mesmo que não tenham razão, eu agradeço. Mas não se fiquem pelos políticos. Se por acaso virem um professor universitário que, numa aula, depois de ditar matéria durante dez minutos, se deu conta que estava a papaguear apontamentos de outra cadeira (podia ter lido o Corão ou a Casa Cláudia, era-lhe igual) façam-me o favor de meter os ovos na cesta, e de pegar numa marreta.

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