terça-feira, 7 de outubro de 2008

cordeiro de deus





Um filósofo inglês, com nome francês, uma calva ruiva e um programa de televisão, revisita Sócrates(no meu youtube), e fala sobre a necessidade de questionarmos, com mais frequência, por que razão estamos tão encaixados no rebanho, de cabeça baixa, e patas na alcatifa. "Se eles dizem que é por ali, é porque deve ser, pá, e eu vou onde vocês forem". A metáfora ovina é contemporânea de Sócrates e da paisagem campestre grega. Hoje, o rebanho segue o caminho da informação permanente, o grande ídolo do entretenimento, essa linha de montagem de coroas magnéticas e acessórios de primeira necessidade: despertador, canal tv notícias 24 horas, rádio no duche, auricular na rua, ipod no carro, windows xp, gmail, hotmail, sexymail, facebook, youporn, fotos de erasmus lésbicas, small world, sms, mms, televisão feita por si, directo da casa da senhora que foi assaltada por esticão, os meus preferidos, a minha música, wonderful world of waste, myspace, iutubí, já conheces este vídeo de um tipo a dançar em diferentes lugares do mundo, teve vários milhões de visitas – and so fucking what? O Terreiro do Paço incha e entope quando milhares de pessoas querem adorar esse símbolo de progresso, triunfo e espantosa prestação colectiva, chamada árvore de natal em ferro. Porque é grande e luminosa e maravilha os fiéis.

E eu aqui, com o Sócrates no ecrã do youtube, e com o Sócrates na estante da sala. Sem saber se tiro o capacete informativo da superficíe das coisas ou se me ponho a ler. Como dizia a personagem do Mamet: “Well it beats working”.

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